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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Por que escolhi enfermagem?


A enfermagem me trouxe muito crescimento e amadurecimento!

É a minha raiz, me ajudou a ver a realidade da vida, não o que eu achava dela, mas o que ela é de verdade...

De acordo com Monzani apud Remen: "Um profissional de saúde é uma pessoa que sofreu profundas modificações como resultado de treinamento especializado, do conhecimento e da experiência; são pessoas diariamente expostas à dor, à doença e à morte, para quem essas experiências não são mais conceitos abstratos, mas sim, realidades comuns. De muitas maneiras, é como estar sentado na poltrona da primeira fila no teatro da vida, uma oportunidade inigualável para adquirir um profundo conhecimento e maior compreensão da natureza humana".

Sim, este autor tem razão quando faz esta afirmação, nunca mais voltamos a ser quem éramos, existe a vida antes e depois da enfermagem.

Bem, além da experiência de vida, a enfermagem me agregou financeiramente.

Ganhei uma formação, experiência de vida.

Conheci meu ex marido Hélio, pai dos meus dois filhos no hospital.

Meu apartamento e carro.

Minha formação como psicóloga!

Muitos amigos, muita gente que nem me lembro de todos, mas muitas pessoas passaram por mim, deixaram um pouco de sua riqueza e levaram um pouco da minha.

Fui me tornando uma pessoa mais segura, nas reuniões sempre expunha meu ponto de vista, era uma profissional critica, fui perdendo a vergonha.

Fui trabalhar depois de uns dois anos no melhor hospital da América Latina, interagia com gente de alta classe e tive que aprender a me impor e passar segurança.

Este foi um dos maiores aprendizados de minha vida: através do meu trabalho crescer pessoal e espiritualmente.

Toda esta bagagem está em mim, saí da enfermagem, mas não perdi nada, o que adquiri, tudo o que vivi está gravado no que sou, no que penso, no que falo, como ajo.

Fiz muitos cursos.

Graças a Deus eu tive uma maravilhosa escola na vida - a enfermagem - e agora ganhei outra: a psicologia...

A enfermagem fez toda diferença, entendem?

Abraços,

Lady Lucy

Bibliografia Consultada:


Artigo: O cuidado com o Cuidador, Monzani, E. E.
http://www.psicoexistencial.com.br/artigo10.htm

terça-feira, 14 de junho de 2011

Transição de Carreira: de Técnico à Enfermeiro


Mudar não é fácil, quem não sabe?
Ir do conhecido para o desconhecido é sempre um grande fantasma, mas crescer é mudar, é se transformar, é tarefa de cada um de nós, enquanto seres humanos.

O técnico de enfermagem, estuda, faz um curso superior, e de repente... ENFERMEIRO!

Durante a formação, o auxiliar ou técnico começa a experimentar uma outra forma de pensar, que quando terminar a formação será um líder de equipe e a postura deve mudar completamente!

E aí é que são elas...

Mudar, se tornar mais sério, ter uma postura diferente, tudo isto é muito complexo!
Mas necessário!

Muitos enfermeiros juniores, enfrentam preconceitos por parte de seus colegas técnicos de enfermagem, pois sua nova posição exige que ele seja diferente, exige que ele tenha uma postura diferente, os técnicos querem continuar se relacionando com aquele colega de trabalho que ele conhecia, mas o colega técnico, teve que mudar, ele é cobrado pela chefia para que mude seu comportamento, além disso, o conflito dentro de si é intenso...

O enfermeiro junior deve aprender a observar a situação, sem se relacionar com ela.
Deve conter sua vontade de muitas vezes ir lá e fazer o que o técnico deve fazer.
O exame clinico do enfermeiro é mais profundo, com uma riqueza de detalhes, são tantas novas atribuições que ele precisa que um técnico esteja a beira leito para realizar o cuidado direto, enquanto o enfermeiro fica nos bastidores, vendo os detalhes que o técnico que encontra-se a beira leito não pode ver. Isso sem contar que o enfermeiro deve estar atento a uma equipe inteira de técnicos, bem como de um número grande de pacientes, falar com médicos, tomar decisões, segurar buchas quando algo saí errado... Ufa!!!!!

Tudo isto mexe muito com a estabilidade deste ser que acaba de entrar neste admirável mundo novo, que não tem nada de novo, mas é nova a forma como o enfermeiro se relaciona com o seu trabalho e com a equipe!

Se preciso for, procure ajuda para passar por esta transição, nem sempre fácil. Tenho recebido em meu consultório de psicologia, não somente enfermeiros no meio de grandes conflitos inerentes a esta transformação, mas profissionais de outras áreas.

Um grande abraço caros colegas em transição de carreira,

Lady Lucy

sábado, 26 de março de 2011

Enfermagem e sabedoria

Gandhi foi e sempre será, um ser inspirador, assisti o filme que conta sua história e percebi que existem pessoas únicas no mundo, o que ele fez foi único, mas cada um de nós pode fazer a diferença, talvez não sejamos como o Gandhi, que venceu uma guerra com paz, sem armas.

Mas em nosso dia a dia como trabalhadores da saúde, talvez possamos levar a paz a quem precisa com pequenos gestos:

Presentear um doente com um sorriso, com afetividade pode ser mais curador do que um medicamento.
Uma certa vez, enquanto o médico passava um catéter central em uma paciente, percebi seu medo e por baixo do campo cirúrgico segurei sua mão. Ao final do procedimento, ela me fitou nos olhos e relatou com os olhos marejados: "O seu toque e a sua força fizeram toda a diferença, Obrigada!"

Respondi com um sorriso, somente um sorriso, dizendo a ela que estava tudo bem, que ela não estava sozinha...

Chegar no plantão e se apresentar ao paciente, cumprimentando-o, olhando-o nos olhos, com um sorriso é um alento para alguém que está despojado de tudo o que lhe é comum, lhe dá um sentido de familiaridade, esperança...

Às vezes, encontramos pacientes que são grosseiros, mas mesmo assim, não deixe-se afligir, isto nada tem a ver com você, mas com a impotência deste ser, de não poder mais ser dono de seus atos.
No momento de uma internação a primeira coisa que se perde é a autonomia...

Para internar é necessário um responsável e este responderá por tudo o que precisar ser feito. Já começa por aí.

Medicamentos, procedimentos invasivos. Sim, invadimos o paciente em sua intimidade, é necessário, mas não deixa de ser uma invasão.

Nossa profissão tem uma requintada violência. Temos autorização para furar, para introduzir objetos, para despir, para ver o que talvez o próprio paciente jamais tenha visto de si.

É uma violência sublimada, mas é uma violência!

Mas podemos praticar nossos atos violentos com extremada compaixão e respeito!

Assim sendo, naqueles momentos em que nada parece fazer sentido, que você está estressado e de saco cheio do que faz: "Tenha esperança e viva em sua luz" - isto é essencial, é esta esperança que nos faz acordar todos os dias e sair para servir ao outro, cuidar daquele que não tem muitas opções. Alguns podem achar que estou sendo "piegas" e falando do paciente como um ser digno de pena, na verdade penso que ele é um ser digno de respeito, carinho e compaixão, por mais difícil que seja a situação.

Quanto mais fazermos este trabalho com presença, maiores as chances de sair do plantão com a sensação de dever cumprido e de que fizemos o nosso melhor.

Por ora são estes pensamentos que me ocorreram,

Abçs,

Lady Lucy




sábado, 19 de março de 2011

Eu, a Síndrome de Burn Out e Mandala da Vida



Enquanto trabalhava na enfermagem senti muitas coisas e somente mais tarde fui compreender do que se tratava...

Muitos dizem que Síndrome de Burn Out é um mal que tem a ver com o trabalho, eu diria que penso que todos os sintomas que se descreve sobre esta crise tem a ver também com o própria pessoa, ou seja, ela já tem uma predisposição ao desgaste antes mesmo de trabalhar e o trabalho por sua vez acaba trazendo a tona certas características que não gostamos muito de entrar em contato.

Uma coisa, que eu experimentava muito enquanto trabalhava na Semi Intensiva era a impotência, adorava cuidar de pacientes agudo, pois estes dialogavam comigo. Porém percebia que eu e alguns outros colegas não gostávamos muito de cuidar de pacientes crônicos, por que este é um tipo de paciente que você faz, faz, e não consegue ver a melhora dele, porque na verdade o que fazemos por estes pacientes é dar manutenção para que ela permaneça vivo, são pacientes que tem uma prescrição médica imensa, que você tem que ficar aspirando, muitas vezes acabamos de fazer a higiene e em seguida necessitamos fazer outra, as famílias também são muito complexas, exigentes, por que já estão calibradas, já entendem um pouquinho mais da vivência hospitalar, então, eles sabem um pouco mais sobre o que podem exigir.

Todo dia, vivenciar tudo isto, vai gerando desgaste para nós profissionais de saúde e aquele desejo que sempre nos animou, de cuidar, de dar assistência a melhora do paciente, vai minguando, e de repente despertamos para uma triste realidade, estamos ficando com um humor deprimido, ansiedade, não vemos a hora de ir embora, mas encontra-se aqui uma reflexão, quando não vejo a hora de ir embora, pergunte-se: "Do que estou querendo ir embora, do que estou querendo me livrar?

Outra coisa que hoje que estou fora da enfermagem percebo é que a enfermagem ocupa um espaço muito grande de nossas vidas, passamos o dia cuidando dos outros e muitas, muitas vezes nos abandonamos, deixamos nossas necessidades de lado, perdemos o pique de sair, de se divertir com amigos, em troca de ficar em casa "descansando", porém a vida é um todo, precisamos cuidar de tudo, equilibrar todas as forças em nosso ser. Temos que trabalhar sim, mas também temos que viver, cultuar o belo e o bom, por que se não, após anos e anos vendo doença e sofrimento, conseqüentemente vamos desacreditando de coisas que antes nos faziam muito sentido.

Cuide do outro, mas principalmente cuide de si!

E para que você possa avaliar sua vida e observar onde está depositando mais energia, segue um anexo, que usamos muito no "coaching", que se chama mandala da vida, no início deste artigo.
Quando for preenchê-la, utilize-se de lápis de cor, e numa escala de 0 a 10, classifique cada parte da pizza, respondendo a pergunta de cada pedaço e finalmente você poderá ter uma visão geral de como anda sua vida, como você vem se administrando, se está colocando mais energia em uma área em detrimento de outra. A partir disto será possível incrementar mudanças.

Necessitamos estar como estes meninos na primeira mandala, um sincronizado com o outro, sem um o outro não consegue estar na roda, no todo. Se você não cuidar de cada área de sua vida, seu prazer em trabalhar pode acabar prejudicado.

Por favor, aqueles que divergirem de meu ponto de vista, por favor mande comentários, mande-me emails, vamos comentar!

Se tiver dúvidas entre em contato comigo, terei prazer em orientá-lo (a).

Abraço,

Lady Lucy


sexta-feira, 18 de março de 2011

Síndrome de "Burn Out"


Muitos de nós hoje encontra-se com esta síndrome e provavelmente não sabe.

Se você estiver se sentindo exausto, de saco cheio do seu trabalho, às vezes até se levanta para trabalhar, mas não tem vontade. Não tem vontade de estar com os amigos, não tem vontade de sair de casa. Experimenta momentos de distanciamento emocional, agindo mecanicamente ou sem sentimentos.

Pode ser que você esteja com Síndrome de Burn Out!

Estou postando um artigo, falando sobre o assunto, para que você tenha ainda mais informações sobre este mal que pode estar na sua vida, neste momento:



Forte abraço,

Lady Lucy

O cuidado com o cuidador


Falando em cuidar de você, indico um artigo, que li há algum tempo, e que me ajudou a entender o que acontece na nossa profissão.


Leia com atenção, pois trata-se de você, caro colega de enfermagem!

Parece uma flor nascida no meio do deserto, mas precisamos aprender a entender nosso universo, para podermos atuar nele com mais segurança e propriedade...

Boa leitura!

Abraços,

Lady Lucy

O estresse e a enfermagem

Os trabalhadores de enfermagem tem uma carga de trabalho excessiva e desgastante. Por lidar diretamente com o sofrimento e com situações limítrofes, estes profissionais acabam se desgastando.

Lembro-me que quando chegava em casa, eu não tinha alternativa, pois meu corpo não me dava esta possibilidade, eu TINHA que dormir, meu organismo necessitava repolarizar as energias.

Muitas vezes encontramos entre nós profissionais que conseguem se cansar ainda mais, por que acabam identificando-se com a demanda e com a pressão que lhes são depositadas, e querem dar conta de tudo, como se fossem super heróis.

Não somos super heróis, somos profissionais que tem uma formação e especialização para cuidar, se não andam cuidando direito de você, caro profissional, então você precisa aprender esta arte: SE CUIDAR!

Se permitir fazer o que lhe é possível, da melhor maneira possível, mas nunca, jamais, tentar fazer o impossível, pois muitas vezes isto custa uma vida. Nestas horas, nos predispomos ao erro, a negligência, e é tudo muito rápido, quando você vai ver, o erro já está feito, e muitas vezes não temos como voltar atrás. Portanto, faça o seu melhor, dê um passo de cada vez, é melhor não fazer, do que fazer errado, não é verdade?

Imaginem dia após dia, de pressão e estresse, o que será que ocorre com um indivíduo que se deixa levar por esta situação?

Te respondo, por que vi e com certeza muitos de vocês também viu...
Um belo dia você é descartado, somos números, elementos, então apenas faça o teu melhor, o que quer que vá fazer, faça com carinho, respeite teus limites, respeite os limites do outro.

É claro que não estou pregando uma anarquia, não caro colega, estou falando de auto respeito, de auto valorização, se não te valorizam, você precisa se valorizar, se gostar.

*É muito importante ter uma rotina na sua vida, cuidar do outro, mas cuidar de si!

*Cuidar do teu corpo, pois se você não cuidar deste corpo, onde vai morar no futuro?

*Cultue a natureza, tire uns minutos do seu dia, e perceba a conexão entre você e a natureza, entre você e o Criador!

*Tenha uma filosofia de vida!

*Curta sua família, eles são o bem mais precioso que você tem, mesmo que não fale com eles!

*Dê risada com os amigos, sorrir faz bem para a alma!

*Apesar de estar no meio do furacão, encontre o seu espaço interno de paz!

*Namore, faça sexo, não perca o romantismo e nem a sensualidade!

*Perceba o sentido e a sincronicidade de tudo o que acontece em sua vida!

Aprenda a aprender com o seu trabalho, você está na poltrona da frente no palco da vida!

E se não anda tendo pique para iniciar nada, talvez você esteja depressivo, então é hora de procurar ajuda especializada. (Pode me procurar...kkkkkkk!)


Acho que por hora, basta não mesmo?

Forte abraço,

Lady Lucy





terça-feira, 8 de março de 2011

Na enfermagem não pode existir distância...

"Olhou novamente para o alto e percebeu que não eram as estrelas que criavam luz, mas sim a luz que criava as estrelas. "Tudo é feito de luz", acrescentou ele, e o espaço no meio não é vazio. E ele soube que tudo o que o existe num ser vivo, como soube que a luz é a mensageira da vida, porque está viva e contém todas as informações." "A vida é a força absoluta, do supremo, do Criador que tudo cria. Tudo o que existe é uma manifestação do ser que denominamos Deus."

Este trecho foi extraído do livro de Don Miguel Ruiz, Os quatro compromissos - O livro da filosofia Tolteca - Um guia prático para a liberdade pessoal.

Eu o estava lendo e pensando na rede imensa de relações que construímos ao longo de uma vida inteira na área de saúde, especificamente na enfermagem, pois a rotatividade de pacientes, colegas, médicos e tudo o mais, é muito fluída, ininterrupta.

Estamos sempre em relação, "se pudessémos ter a velocidade para ver tudo" (Marisa Monte), assistiriamos o que acontece conosco e com as outras pessoas com quem convivemos todos os dias. Poderíamos perceber a ausência de separatividade entre eu e o outro, que nesta jornada estamos todos juntos. Hoje é o paciente que tem que ter paciência, mas daqui pouco nós podemos estar na mesma condição...

Digo isto, pois vi, muitas vezes, médicos agindo como se ele fosse um Deus e o paciente uma coisa. Técnicos virando o paciente para lá e para cá, como se ele fosse um bloco, ou seja, um cuidar coisificado.
Somos pessoas cuidando de pessoas. Quem não sabe disto precisa Ler muito Carl Rogers. Ele tem livros fantásticos sobre o poder da empatia, sobre a arte de se relacionar com o outro. Apesar de serem tratados de psicologia, são universais.

Don Miguel, fala sobre a filosofia Tolteca, e o personagem do livro em dado momento, maravilhado com sua visão sobre a vida e com sua percepção expandida sobre si e os outros, não vê mais separação entre ele e seu povo, entre ele e a elementos da natureza, os animais. Ele percebe que todos somos feitos da mesma matéria.
Pela complexidade do que somos, não é necessário ler nenhum livro para sabermos que somos feitos, TODOS, de algo muito especial, que deve ser honrado e reverenciado. E a reverência deve começar em nós mesmos. Se tivemos a honra de trabalhar com gente e não somente com papéis, honremos nosso fazer, honremos as pessoas que cuidamos, honremos o templo que guarda com carinho nossas almas, honremos o corpo do paciente e toda sua vida.

Muitas vezes por ser um paciente crônico, que não consegue mais falar ou se virar, se coçar ou qualquer outro movimento, muitos acabam agindo de maneira mecânica, mas ainda que ali, exista um corpo inerte, tem um ser que sente, não sabemos como ele está percebendo esta experiência, mas certamente ele está sentindo.

Devemos respeito a todos estes seres. Devemos respeito aos nossos colegas. E é assim que a Espiritualidade tem tudo a ver com enfermagem, um fazer humanizado, tem tudo a ver com isto.

Não importa a área em que trabalhemos, se trabalhamos na área de saúde, devemos meditar sobre esta questão.

Na enfermagem não pode existir distância...

Forte abraço,

Lady Lucy

segunda-feira, 7 de março de 2011

Enfermagem e Espiritualidade

O que será que Espiritualidade tem a ver com enfermagem?

Tudo!

Espiritualidade tem a ver com a pessoa humana, um modo de viver que busca alcançar a plenitude em direção a Transcendência da matéria.
Não está ligada à religião, é uma característica do ser humano, sinônimo de libertação.
É um viver desapegado, livre de julgamentos, praticando o amor incondicional. É estar inserido e vivendo um tempo, não o passado, nem o futuro, mas o presente, o maior presente que já recebemos: o Aqui e Agora!

Vivemos num mundo que nos afasta do que realmente somos, de nossa verdadeira essência, do que nos faz Ser.

Em meu consultório de psicologia tenho um bauzinho, no fundo do mesmo existe um espolho, de forma que quando as pessoas o abrem, tem uma surpresa, veêm a sua imagem refletida no mesmo.
Sempre que as pessoas ficam perdidas sobre quem elas são, peço para que elas abram, pois lá dentro está o maior presente que a vida lhes deu: Si Mesmo!

A maioria de meus pacientes diz: "Um espelho?!!!!!!"
"Eu não vejo nada, só um espelho!"

Bem, como isto quero explicitar o quanto as pessoas tem uma imensa dificuldade em se reconhecer como um presente, como um ser sagrado, como importante para o Todo!

Assim sendo a Espiritualidade tem tudo a ver com a Enfermagem, profissionais de enfermagem devem aprender a cultuar-se como seres sagrados e enxergar no doente um ser sagrado, que aquele corpo ali deitado e adoentado é muito mais do que um corpo, é um Ser, um Semelhante, que merece todo respeito, que merece ser reverenciado para que se lembre que ele também é sagrado, que ele é importante para o Cosmos, para o Planeta.

Lidamos com coisas muito maiores do que podemos imaginar. Quando cuidamos de alguém estamos cuidando do mundo, pois estamos cuidando para que um ser se reestabeleça e possa voltar a se relacionar com seus semelhantes e a cumprir sua missão no planeta.

Quando cuidamos de um ser humano, estamos cuidando do planeta.

Aprecio muito a teoria do caos, que usa a seguinte metáfora para expressar sua verdade: "O simples bater de asas de uma borboleta aqui pode causar um tufão do outro lado do mundo."

Bem, o paciente que você cuida hoje, é um sujeito dentro de um complexo processo vital, a vida dele tem muita importância para a manutenção do todo, assim como o seu trabalho é uma obra divina.

Portanto, Espiritualidade tem a ver com enfermagem, e com tudo mais:

* Quando seu trabalho é um chamado, uma vocação e não uma obrigação;
* Quando você faz seu trabalho com presença e propriedade;

* Quando você vê o outro como seu semelhante e o trata com amor incondicional;

* Quando você procura observar o que existe de aprendizado na experiência do cotidiano, este deixa de ser uma correria e passa a ser Pura Presença;

* Quando o burburinho das pessoas, as reclamações dos pacientes não te tiram do sério, pois você consegue enxergar em tudo uma oportunidade de aprendizado;

* E quando você perde a paciência, você consegue ser benevolente consigo mesmo, pois se reconhece um também ser humano, dotado de fragilidades e potenciais;

* Que você sempre tem a oportunidade de levar uma palavra de ânimo e de ir além do cuidado mecânico;

* Que às vezes o melhor remédio é ouvir, não apenas escutar, mas ouvir com os ouvidos da alma;

* Que a sua presença é o melhor medicamento que o paciente precisa;

* Que você sempre pode escolher o tipo de profissional que quer ser: Aqui e Agora!

Espiritualidade é extrair sabedoria, como a flor de lótus que nasce lindamente no meio do pântano!

Como diria meu amigo Paulo Sérgio: Fique na paz!

Lady Lucy

quinta-feira, 3 de março de 2011

Como tratam o erro na enfermagem...

Todo mundo pode errar, não é verdade?
Não é mentira!!!!
Nem todo mundo pode se dar o luxo de errar!
Todo mundo erra, mas a enfermagem não pode errar!
Nossos erros podem ser fatais, é bem verdade!
Mas será que nosso grandiosissimo trabalho resume-se apenas a erros e fracassos?
Os meios de comunicação adoram mostrar a enfermagem que erra, fortalecendo ainda mais o estigma, mas não vejo reportagens sérias, demonstrando o cotidiano dos profissionais de saúde, como vivem, o que sonham, as humilhações que sofrem por parte de pacientes e suas famílias, a pressão por parte da direção dos hospitais, a cobrança dos enfermeiros.
Comumente exalta-se a classe médica, mas o médico, com todo respeito e não querendo diminuir a sua importância, prescreve medicação e vai embora, a enfermagem é quem fica cara a cara com o paciente. Se o nosso trabalho não for realizado, o médico é invalidado. Ele não faz o que fazemos, e nem vice versa, somos co-dependentes um do outro.
Já está na hora, senhores e senhoras, da mídia, de vocês realizerem, instruírem a sociedade sobre o que acontece nos bastidores daqueles que cuidam inclusive de vocês. Mostrem em rede nacional a pressão do dia a dia destes trabalhadores, o nível de stress a que são submetidos todos os dias, a inadequação, na maioria das vezes, do número de pacientes por funcionário, a pressão que as famílias e seus pacientes exercem sobre o profissional de enfermagem e o quanto estes tipos de ocorrências predispõe a enfermagem ao erro, e que isto custam vidas, a do paciente e do próprio profissional.
No caso daquela profissional que instalou o soro errado na garotinha que veio a óbito, não foi somente a garotinha que morreu, a carreira desta moça, bem como sua autoestima também foram juntas para o túmulo da paciente. Será que somente a profissional foi negligente? Será que o hospital também não tem responsabilidade. Alguém se pergutou sobre o que estava acontecendo com esta moça, como estava o plantão?
Isto não interessa, não é mesmo? O que interessa é que alguém veio a falecer!
Mas não é assim que deveria ser, se começarmos a analisar o processo e verificar a sequência de fatos que antecede um erro letal ou não, veremos que existe muito mais do que falta de atenção, negligência ou imprudência...
Trabalhei por 17 anos na enfermagem e sei muito bem o que acontece dentro dos hospitais.
Não somos números, somos pessoas, temos corpos, problemas pessoais, psicológicos e até psiquiatricos. Muitas vezes, uma péssima formação, e um excesso de cobranças pelo melhor
(o que não é errado!).
Mas quando cometemos erros, é como se estivessemos num tribunal, frente a um juiz injusto!
A família é lógico que não compreende. Quando internamos um familiar, estamos colocando a vida de alguém que amamos nas mãos do hospital e dos profissinais de saúde em geral, mas principalmente da enfermagem, que é quem administra a prescrição médica, faz higiene e tudo o mais.
A família e o paciente querem o melhor cuidado, porém quando ocorre um erro letal, a culpa é da enfermagem.
Pacientes e profissionais de saúde necessitam ampliar a visão e entender como funciona o seu próprio mundo e cobrar mudanças!
É desumano aferir a pressão, o pulso e a temperatura de 40 pacientes durante 08 horas, estando esta funcionária grávida?
Talvez sim, talvez não, mas eu acho que sim, e isto aconteceu comigo e acontece todos os dias com outros de nós. Dirão que estamos lá por escolha, que ninguém nos obriga, é bem verdade, porém, o fato é que por escolhermos uma profissão como esta é porque gostamos, por que precisamos sustentar nossas famílias, então a questão não é somente a escolha, mas o sistema que precisa se humanizar!
Os pacientes querem o melhor atendimento, pois estão pagando. Os hospitais querem os melhores funcionários, adequação aos protocolos e rotinas, pois estão pagando também. Nós necessitamos saber quem nós somos dentro deste processo, não perdendo de vista o fato de que somos pessoas e procurar sempre fazer o nosso melhor!
Uma coisa que aprendi na enfermagem, foi sempre ao sair, revisar meu plantão e sentir a certeza de que havia feito o meu melhor e que quando não o consegui, tentar puxar na memória onde e como falhei neste projeto. Precisava deitar minha cabeça a noite no travesseiro e saber que eu tinha feito o melhor que eu podia, e isto sempre deu certo!
Somos profissionais e seres humanos e merecemos respeito e reconhecimento e isto começa em nós mesmos!
Não estou fazendo uma apologia ao erro, estou sim, expressando o que penso e me posicionando contra aquilo que não concordo.
Erramos sim, e muito, mas acertamos muito mais!!!!!!!!
Mas quantas vezes somos aplaudidos pelo nosso brilhantismo?
Caro colega, tome cuidado com o erro, com o peso deste, não seja você o seu pior juiz!
Por pior que seja a situação, avalie as coisas, se avalie, observe o contexto.
Já cometi erros e sei que o sentimento que temos quando isto acontece é terrível, é um frio no estômago, um medo do pior acontecer, só que algo já está feito, e precisamos aguardar o tempo, pensar em primeiro lugar na vida do paciente e que se erramos, temos que pagar por nossos erros, assumi-los, é preciso equilibrar o juiz e o misericordioso dentro de nós!
Desculpe se escrevi alguma tolice, mas este é um ensaio do que penso. Faço questão de que este seja um espaço para dialogarmos sobre a perspectiva do erro na enfermagem. Exponha sua história, seus pensamentos...
Abraços,
Luciana Maria

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Despedida dos meus amigos



As inseparáveis: Didi, Eu, Geila, Free e Nalva...
Amigas para sempre!

Nem todos nós estamos aqui, mas sabemos de cada rosto, cada jeito, cada vício, hábitos e personalidade de cada um...

Foram tantos anos, 14 anos e meio somente neste hospital...
Puxa, vivemos tantas coisas, quantas vezes choramos de tanto rir...
Quantas vezes chorei de chorar, com as nossas tragédias...
Quanto sofrimento vimos todos os dias, e quantas vezes nos emocionamos com nossos pacientes e suas histórias.
Quantas histórias lindas de amor, de ódio, de disputa, descaso, perdas e superação!
Quantas vezes choramos e ficamos enraivecidos com situações vexatórias ou humilhantes, que nos tira por momentos, a dignidade!

E fomos nos dando força e prosseguindo...

Vocês são pessoas muito especiais, que estarão para sempre em meu ser.
Carrego alguns muitos amigos do coração, que sei que não me deixarão cair no vácuo...
Outros amigos, estarão nos recônditos de nossas memórias.

O fato é que já sinto saudades, mas não é nada de nostalgia, mas sim de felicidade de poder ter compartilhado de tantos momentos, de tantas coisas que palavras não conseguirão expressar.

Vou seguir meu caminho, feliz por ter passado por vocês e ter deixado um pouco de mim e poder carregar em mim cada um...


Um grande abraço a todos!
Amo vocês!!!!

Luciana Maria

Processo de cura na enfermagem


Pensando sistemicamente a enfermagem é um agente de cura, de esperança, dentro do processo de adoecimento físico do Ser Humano, certo?

Quase certo...

Temos como parceiros vários outros agentes de cura, como o médico, o psicólogo, os administradores hospitalares, todo o corpo de trabalhadores que prestam serviço dentro de um hospital. Porém é a enfermagem aquele que está mais próximo do doente. O médico vem e prescreve, e vai embora, fica virtualmente no quarto, assim como os outros profissionais citados!

O técnico de enfermagem, é o principal soldado, na luta contra a doença e o principal agente de cura no processo de adoecimento.

Muitas vezes o doente não se cura da doença, muitas outras vezes piora o quadro e vem a falecer, mas mesmo assim, promovemos cura para este doente, mesmo aquele que se foi.

Afirmo isto, porque uma internação, o adoecimento, nos traz muitas lições existenciais, e estas curam muitas vezes uma vida inteira de orgulho, de maledicências, de desamor...

Ser cuidado por um estranho nos torna humanos, nos reaproxima, nos faz mais humildes, numa alma sensível pode causar grandes abalos, grandes transformações.

Eu diria que não é só o paciente que se cura, nós profissionais de saúde também nos curamos de muitas mazelas da alma. A experiência do outro não é só dele, eu, você e ele fazemos parte de um cenário, de um drama, fazemos parte desta história.

É belo vislumbrar tudo isto aqui de fora, é como um astronauta vendo o planeta lá de cima.

Ver a enfermagem de fora, como vejo hoje, me trouxe um sentido de valorização aquilo que fiz durante anos, mais hoje do que ontem...

Desejo que os colegas que lerem, reflitam sobre a grandeza do que fazemos!

Um forte abraço,

Lady Lucy






Juramento da Enfermagem


Lembro-me o dia em que fiz este juramento, na colação do curso de auxiliar de enfermagem, na Capela da Beneficência Portuguesa.
Foi um dos dias mais emocionantes em minha vida:

"Solenemente, na presença de Deus e desta assembléia, juro: Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da mora, honrando seu prestígio e suas tradições".

Comecei a me lembrar de como cheguei na enfermagem:

Aos 18 anos, tive uma pneumonia grave, precisei ficar internada no Hospital Santa Paula, por uma semana. Cheguei a tarde e a noite recebi a visita de uma auxiliar que me fez querer entrar nesta profissão.

Eu estava dormindo, ela entrou em meu quarto, não acendeu a luz, colocou o aparelho de pressão e o termômetro em meu braço, não me disse boa noite e nem sequer ouvi a voz dela. Com o mesmo silêncio que entrou, saiu.
Mas o seu atendimento pouco caloroso, me fez desejar entrar nesta área e ser diferente do que ela fora comigo. Recordo-me que disse para mim mesma: "Vou entrar na enfermagem e nunca vou tratar alguém como esta mulher me tratou."

Quando se está doente e pior, internado, muitas coisas estão acontecendo com aquele ser que cuidamos... No meu caso, meu pai estava internado no outro hospital, tão perto e tão longe de mim. Estava super fragilizada e temerosa pela vida de meu pai. Tudo o que se quer nestes momentos e se sentir um pouquinho gente, digna, e ser tratada como gente. A internação faz a gente se sentir uma coisa!

Meu paizinho querido, caíra da laje de casa, e teve vários traumas, ficou meses internados.

Posso dizer que a queda do meu pai, me jogou na enfermagem, pois a impotência que senti, quando escutei o barulho de sua cabeça contra o chão e a posterior convulsão, me despertaram o desejo de saber o que fazer nestes casos, este foi o inicio. Depois veio a internação e o" santo não caloroso atendimento", que mudaram a minha vida.

Posso dizer hoje que durante um tempo senti raiva daquela auxiliar de enfermagem, acho que quem escolhe esta profissão não pode perder nunca de vista o calor. E ela não o tinha. Mas definitivamente, nada na vida é por acaso... Sou extremamente grata a você querida estranha!

Assim, esta sincronicidade de fatos, foi o que me fez ser a profissional de enfermagem que fui.
Sempre procurei ser ética, calorosa, respeitosa, discreta, amorosa com aqueles que me foram designados para ajudar no processo de cura.

Estes valores sempre pautaram minha vida e minha conduta perante o outro.

E desejo, meus queridos colegas, que vocês, após lerem esta coluna, reflitam no mais intimo de seu ser, Porque você escolheu esta profissão e o que te faz continuar?

Quando sabemos o que fazemos, porque fazemos e para o que fazemos, isto faz toda a diferença em nossas vidas e na vida de toda a humanidade.

Um forte abraço,

Lady Lucy

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A arte de fazer Enfermagem


Hoje estava passeando no blog, e relendo meus escritos e olha só que interessante, me emocionei em ler esta mensagem, resolvi postá-la novamente, já que ela foi umas das mais lidas até hoje...

Me emociono com esta mensagem, pois é uma parte da minha vida, que acabo de me despedir com honra e consciência, de que do primeiro ao último dia, procurei sempre fazer o meu melhor, e é isto o que mais importa na arte de fazer enfermagem: "Fazer sempre o seu melhor e oferecer isto ao outro!"

Reverencio mais uma vez meus colegas da enfermagem. Até mesmo aqueles que não umas enroladas, que não trabalham em equipe... Até vocês merecem reverencia, pois cedo ou tarde,você perceberá que a melhor saída e dar o seu melhor, para os seus colegas, para o paciente.


A Arte de fazer Enfermagem

"De vez em quando me ponho a refletir sobre a arte da nossa profissão...
Exerço a Enfermagem há pelo menos 13 anos. Nestes 13 anos passei por muitas provas... Aprendi muita coisa, cresci, me formei enquanto ser humano (visto que entrei na área com 18 anos), sou muito grata a esta profissão que acrescentou tanto à minha vida pessoal, me proporcionou conquistas materiais, é minha fonte de renda e é o maior laboratório da vida que posso ter acesso. No começo sentia muito medo de cometer erros irreparáveis, de não conseguir dar conta do trabalho a mim destinado, muitos medos, porém com o tempo, a experiência me ensinou que eu estava no caminho certo... Experimentamos muito prazer e muito sofrimento, nos doamos inteiramente para o outro, chegando a esquecer de nós mesmos, abstendo-nos de nossas próprias vontades. Ao mesmo tempo assistimos os pacientes melhorando ou pelo menos recebendo todos os cuidados que necessitam para continuarem vivos. Se me perguntarem o que mais gosto em minha profissão, direi que é poder fazer parte da melhora das pessoas que passam pelas minhas mãos... As pessoas maravilhosas que conheço, que passo a fazer parte de suas histórias, ao mesmo tempo em que passam a fazer parte da minha história.
Como a Enfermagem entrou na minha vida? Quando tinha 18 anos, meu pai caiu da lage de casa, do 3º andar, ouvi o barulho de sua cabeça chocando-se contra o chão, e saí correndo, quando o vi caidinho no chão, convulsionando, não sabia o que fazer, fiquei desesperada, me senti tão impotente por não poder fazer nada, minha mãe com sua sabedoria protegeu sua boca para ele não morder a língua e levamos ele às pressas para um pronto socorro. Depois de alguns dias ele teve alta e voltou para casa. Começou a ter muita dor de cabeça, teve um trauma craniano, não diagnosticado e o liquor vinha se acumulando em seu crânio. Enfim... ele teve que fazer uma cirurgia, uma Derivação Ventriculo Peritoneal, eu não sabia o que era isso, só sabia que era uma cirurgia de cabeça e que tinham riscos. Meu mundo desabou neste dia, pensei que meu pai fosse morrer. Minha tristeza foi tão grande, que simplesmente comecei com uma gripe, que se transformou numa pneumonia, ficamos eu e meu pai, internados. Foi uma barra para minha mãe, mas o fato é que na primeira noite no hospital entrou uma senhora no meu quarto, que não me deu boa noite, simplesmente verificou meus sinais vitais e saiu como se não tivesse entrado... a sua forma de proceder muito me chocou, mas devo ser muita grata a esta senhora, pois uma semana depois quando tive alta, resolvi que iria fazer enfermagem, e fiz! Mas com a promessa interna de que jamais trataria ninguém como fui tratada: como se fosse um objeto a ser verificado!

Quando estou com meus pacientes sempre tento dar o melhor de mim, levar uma palavra amiga, oferecer um momento de segurança, conforto e humanidade. Pelas devolutivas que recebo dos pacientes, acho que eles nunca se sentiram assim comigo... Por isto acho que a enfermagem é uma arte, a arte de estar atento a si mesmo, para conseguir estar atento ao outro, destinatário dos nossos cuidados... Enfermagem além de ser uma sequência de procedimentos padronizados e uma ciência, é também a arte de se relacionar, consigo e com o outro..."

E isto aí galera que está entrando, que já está dentro e que com vontade de entrar, enfermagem é um pouquinho de tudo isto aqui. Cada um tem sua história e gostaria muito que quem tiver interesse pudesse me mandar uma história de enfermagem, gostaria de publicá-la em meu blog.

Forte abraço a todos e aguardo suas histórias,

Lady Lucy

A arte de se relacionar consigo e com outro... é uma outra história para outra postagem...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Enfermagem: um ato de coragem!

No último dia 07 de fevereiro fui oficialmente desligada do hospital em que trabalhava...

Fiquei meditando sobre todos estes anos na enfermagem, neste hospital, e puxa vejo que fiz uma linda e sofrida jornada. Foram lindos momentos, foram momentos emocionantes, foram momentos de raiva e angústia, foram momentos de depressão e impotência, foram anos de aprendizagem, crescimento e maturidade.

Sinto-me uma vencedora, a vida me trouxe à enfermagem e me deu de presente a psicologia...

Sempre serei uma profissional de saúde, pois adoro cuidar do ser humano, facilitar processos de autoconhecimento, crescimento e maturidade.

As experiências que vivi, foram as que eu precisava para me tornar quem sou hoje, nem mais nem menos.

Cada paciente que passou por mim deixou um pouco de si e levou um pouco de mim. Alguns estão claros em minha memória, outros se apagaram, pois se incorporaram ao que sou.

Sim, sou uma vencedora, ser profissional de enfermagem não é para qualquer um , é para quem tem coragem de estar sempre olhando para dentro de si e se reconhecendo no outro, pois fazemos isto o tempo inteiro, saímos do nosso lugar e entramos no lugar do outro, para pensar o que ele pensa, sentir o que ele sente e voltar e prestar um cuidado humanizado.

Não me arrependo de nada do que fiz, não me arrependo das minhas escolhas.

E é com muito amor no coração que venho hoje aqui neste querido espaço, reverenciar a Enfermagem, reverenciar meus colegas que permanecem na jornada e saudar a Psicologia, minha nova morada.

Enfermagem sempre morará em meu coração.

Não moro mais em você, você mora em mim!

Gratidão,

Lady Lucy


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fazer Enfermagem: Dom ou Vocação?

"Faça o que você ama e estará descobrindo uma vocação.
Faça para ganhar dinheiro e estará fechando-se numa prisão." Luciana Maria

É isto o que aprendi e o que penso hoje. Temos que fazer qualquer coisa que nos decidirmos com o coração, se você fizer com a cabeça, porque o seu pai faz e dá certo, ou porque seus amigos acham legal, ou, ou, ou...

Escute o seu coração, e descubra qual é o teu dom, sabe aquilo que faz seu coração bater mais rápido, que você sente uma emoção fora do comum, que te dá um sentido a mais... O ganho material vai ser mera consequência.

Não, eu não sou rica, gosto de "din din", mas trabalho no que amo!

A saber vocação, vem do latim, significa "vocare" - Chamar!

Qual é o teu chamado interno?
Qual ou quais os teus dons?
Por que caminhos a vida tem desejado te conduzir?

Se o teu chamado é a enfermagem, então procure imaginar que obra prima você ofertará para o mundo?

Pense nisto,

Forte abraço,
Lady Lucy



segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Enfermagem, adoecimento e autoconhecimento...

Conhece-te a ti mesmo
Oráculo dos Delfos

É preciso auto conhecimento para cuidar do outro.
Digo isto, porque muito cedo fui fazer psicoterapia, porque percebi que estava ficando meio deprimida e não entendia porque. Quando comecei a conversar com a terapeuta, falava o tempo todo do meu trabalho, sobre o a dor de me sentir impotente, de não conseguir salvar a vida do outro.

Eu precisava aprender a reconhecer o que estava sentindo, identificar de onde vinha esta sensação e descobri que não tinha a ver somente com o paciente, era algo meu, mas que na situação de técnica de enfermagem, o que estava dentro de mim veio a tona.

Depois precisei me desidentificar desta sensação e transformar isto em algo melhor e seguir em frente, mas foram surgindo outras questões.

Perceber tudo isto foi essencial para mim, pois houve um tempo que percebi que estava ficando com raiva da enfermagem, tinham dias que não conseguia levantar para trabalhar, ia mal humorada, pegava atestado, não sabia porque não queria mais. Até que decidi-me pela psicoterapia e me ajudou muito a saber o que era e o que não era e hoje estou aqui contando para vocês!

Cuidem-se, antes que este bicho papão venha te pegar!

Mas não tenha medo, é só estar atento, psicólogo não é bicho de sete cabeças. É alguém que se especializou em te ouvir para te compreender e te ajudar a sair do buraco em que você nem sabia que estava se enfiando.

Um forte abraço,

Lady Lucy

Enfermagem como mediadora da cura

Caro colega da enfermagem,

Você já parou para pensar que somos como uma ponte, como um arco íris, pois vamos de um lado a outro!

Somos mediadores entre a saúde e a doença, entre a vida e a morte, entre o começo e o fim!

Eu nunca havia parado para pensar nisto, mas olhando para o arco iris percebi que somos pontes, entendo que qualquer profissional de saúde é um mediador da cura.

Somos facilitadores do processo de cura ou melhora do estado geral do paciente.

Recebemos o individuo adoecido e fazemos o nosso melhor para devolvê-lo em melhor estado à sociedade, para a sua vida, para que ele possa desenvolver seu trabalho, sua existência e fazer a diferença na vida e outros seres.

Às vezes nos sentimos pouco importantes, mas somos muito importantes para mundo, mesmo que este não nos valorize, nos temos que ser os primeiros a saber sobre quem nós somos.

Como diria o Chorão, do Charlie Brown: "Somos pontes indestrutíveis."

Fique com Deus caro colega,

Lady Lucy


A Saúde Mental da Enfermagem

Caro amigo da Enfermagem,

Como é que você tem vivido a vida?
Você sabe quem você é?
Tem noção do seu valor?
Você passeia?
Cuida do seu corpo e da sua saúde?
Gosta do que faz ou faz pelo dinheiro?
Você dorme bem?
Tem uma prática espiritual?
Como cuida da sua mente?
E do seu espírito?

Cuidar do outro é o seu trabalho, mas e de você você tem cuidado?
É fácil falar para o paciente não faça isto, ou faça isto porque é bom para você, mas você pessoalmente não cuida da sua própria saúde, não tem noção de você mesmo!

Para cuidar bem do outro, precisamos estar completamente lúcidos de nós mesmos, portanto seguem umas dicas, que aprendi ao longo da vida e que procuro seguir hoje:

*Acorde de manhã e determine como deseja que seja o seu dia!

*Quando chegar no banheiro (acho que vc vai escovar os dentes e deve ter um espelho no seu WC, né?) mire seu rost, olhe no fundo dos seus olhos, e dê um sorriso, diga para você mesmo: "Você é muito importante para mim, eu te amo!"

* Tenha certeza de que seu corpo é sua morada, seu templo sagrado, "se você não cuidar do seu corpo, onde vai morar no futuro?"

*Alimente-se bem, você merece isto!
Seu templo também!

*Coloque uma meta de fazer algum exercício, se alongue, comece a fazer caminhada ou vá para a academia, mas exercite-se!
Você merece este cuidado!

*Medite, nem que seja por 10 minutos, feche os olhos, concentre-se na sua respiração, observe o fluxo do ar que entra e saí, compre o livro do Daniel Goleman, que vem acompanhado por um CD sobre formas básicas de se meditar.

*O melhor horário para se meditar é pela manhã, ao começar seu dia.

*Procure sempre fazer um balanço do seu dia e observar o que aconteceu de mais marcante e o que aprendeu com aquela experiência;

*Procure estar atento com o que cada situação demanda de você:
Ás vezes temos pacientes que nos ensinam a arte da paciência, outros nos ensinam a arte do amor, outros a arte do desapego, etc. Esteja atento a isto!

* O livro do Eckhart Tolle - O Poder do Agora, ou O Poder do Perdão, fala muito sobre estar presente no Aqui e Agora, pois isto é tudo o que temos: este momento. Passado não existe mais, já passou, o futuro ainda não existe, o que existe é o momento presente, este é o seu presente!

* Dulce Magalhães em seu livro: "Disciplina para indisciplinados fala-nos sobre uma porção de coisas úteis para se viver com presença, tem uma definição dela que eu amo especialmente: "Disciplina é a escolha de um caminho pessoal, da construção da própria jornada, da formação da história da individualidade e a vivência do mito pessoal. Disciplina é a arte de educar a si mesmo, é um processo de autoconsciência, de tornar-se DeSiPleno"
Portanto caro colega tenha uma disciplina, torne-se pleno de si mesmo, torne-se quem você é!

* Você vive para trabalhar ou trabalha para viver, para ter prazer, para er conforto?

* Se você tem vivido para trabalhar e não tem tempo para o prazer, para se divertir, então você está com sérios problemas. A vida não pode se resumir a trabalho.

*Quem trabalha na enfermagem tem o dever de ter prazer, de se divertir, visto que, lidamos com sofrimentos extremos, para desimpregnar tudo isto da mente e corpo, precisamos viver algo que seja o seu oposto.

*Faça massagens, nosso corpo dói depois de tanto esforço, trabalhamos num lugar que tem uma densidade muito pesada, é preciso massagear o corpo pelo menos uma vez por semana. Os músculos tem memória, nosso corpo tem memórias...

*Viaje de vez em quando, tenha você como meta!

*Curta sua família, seus amigos, dê boas risadas. Ria de si mesmo. Se tiver filhos brinque com eles!

*Por favor inclua você na sua vida!

* Seja feliz, se não é, encontre meios!

Forte abraço,

Lady Lucy

Enfermagem é TRANSFORMAÇÃO

A Enfermagem causa uma transformação na nossa vida...



Lembro-me como se fosse hoje, o primeiro dia em que fui trabalhar como atendente de enfermagem. Minha supervisora foi me levar para o setor em que eu iria trabalhar. Ela comentou que iria me levar para a Pediatria, de repente ela mudou de idéia e diz: "Não, não, vou te levar para a Oncologia"

Num primeiro momento fiquei triste, não sabia o bem que ela estava me fazendo...

Aprendi muito com os pacientes oncológicos, eles estão eternizados em meu coração, mesmo os que já se foram...

Um tempo depois eu ficaria grávida do meu filho: Augusto César, que hoje tem 15 anos.

Depois acabei chegando à conclusão, de que foi bom não ter ido trabalhar na Pediatria,pois quando fui fazer estágio e via um guri sofrendo ficava com o coração apertado...

Sei que o meu limite é criança, para mim não dá trabalhar com criança sofrendo.

Nunca trabalhei em pediatria!

Mas hoje na Psicologia atendo crianças em sofrimento psiquico, eu diria que resgatei meu medo de cuidar de crianças, mas não foi fácil, me impus esta meta: atender crianças.

Quando você foge demais de uma situação, olhe para ela, pois ali pode habitar um grande aprendizado!

A enfermagem transforma muito a nossa vida, mas somente se estivermos abertos...
Vejo muitos colegas que se fecham, criam uma blindagem para lidar com o sofrimento, só que se tornam meio "máquina de fazer coisas!"

Observem-se, vejam se não estão cometendo este ato falho consigo: Blindando-se tanto a ponto de perder a identidade, a sua humanidade.

Enfermagem pode te trazer uma transformação positiva, mas é preciso estar atento ao processo.

Se perceber que está ficando muito frio, ou muito sentimental ou se deprimindo, tendo muitos pesadelos, medos, vá procurar ajuda de um psicólogo, não deixe que uma síndrome do pânico, ou uma depressão, ansiedade generalizada, tomem conta da sua consciência.

Um grande abraço, caro amigo da enfermagem,

Lady Lucy





O sofrimento na enfermagem

Às vezes enquanto trabalhava ficava observando o sofrimento dos pacientes...
Parecia que eu estava externa a tudo aquilo, que eu era só mais um personagem em toda aquela cena. Outras vezes me sentia extremamente consternada e parecia que eu estava carregando aquela pedra junto com o paciente.

Ia para casa e no percurso ficava pensando e chegava à conclusão de que eu era aquela mão que seca a lágrima, o braço que dá apoio para a subida, a perna que suporte para se levantar... Somos mãos, braços, mente, o que o paciente precisar naquele momento difícil da vida dele. Só que depois temos que voltar às nossas vidas e sermos quem nós somos, pois cada paciente está vivendo o seu processo, o sofrimento dele é dele, nós podemos ajudar, mas as adversidades que ele enfrenta ele precisa resolver e ás vezes uma doença serve para ajudá-lo a perceber o que ele não quer perceber?

Observar o outro nos ajuda a estarmos mais atentos para não cometermos erros semelhantes, o que não nos isenta de cometer erros, mas pelo menos temos alguns exemplos para nos nortear...

Desejo que a enfermagem seja na vida de cada um de vocês mais que uma profissão e um ganha pão...
Que seja um fonte de aprendizado e sabedoria.

Se a enfermagem está na sua vida, é porque você precisa dela!

O encontro entre profissional e o paciente não é uma obra do acaso, mas uma sincronia, esteja sempre atento ao que está acontecendo e qual o convite de aprendizado do dia.

Assim a nossa mole vida no hospital fica mais fácil.

Algo muito maior acontece a todo momento, as situações que nos visitam dizem muito mais do que querem dizer, mas se ficarmos presos ao óbvio não conseguiremos perceber.

Meu recado para você é: "Esteja atento!"

Abraços,

Lady Lucy