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terça-feira, 8 de março de 2011

Na enfermagem não pode existir distância...

"Olhou novamente para o alto e percebeu que não eram as estrelas que criavam luz, mas sim a luz que criava as estrelas. "Tudo é feito de luz", acrescentou ele, e o espaço no meio não é vazio. E ele soube que tudo o que o existe num ser vivo, como soube que a luz é a mensageira da vida, porque está viva e contém todas as informações." "A vida é a força absoluta, do supremo, do Criador que tudo cria. Tudo o que existe é uma manifestação do ser que denominamos Deus."

Este trecho foi extraído do livro de Don Miguel Ruiz, Os quatro compromissos - O livro da filosofia Tolteca - Um guia prático para a liberdade pessoal.

Eu o estava lendo e pensando na rede imensa de relações que construímos ao longo de uma vida inteira na área de saúde, especificamente na enfermagem, pois a rotatividade de pacientes, colegas, médicos e tudo o mais, é muito fluída, ininterrupta.

Estamos sempre em relação, "se pudessémos ter a velocidade para ver tudo" (Marisa Monte), assistiriamos o que acontece conosco e com as outras pessoas com quem convivemos todos os dias. Poderíamos perceber a ausência de separatividade entre eu e o outro, que nesta jornada estamos todos juntos. Hoje é o paciente que tem que ter paciência, mas daqui pouco nós podemos estar na mesma condição...

Digo isto, pois vi, muitas vezes, médicos agindo como se ele fosse um Deus e o paciente uma coisa. Técnicos virando o paciente para lá e para cá, como se ele fosse um bloco, ou seja, um cuidar coisificado.
Somos pessoas cuidando de pessoas. Quem não sabe disto precisa Ler muito Carl Rogers. Ele tem livros fantásticos sobre o poder da empatia, sobre a arte de se relacionar com o outro. Apesar de serem tratados de psicologia, são universais.

Don Miguel, fala sobre a filosofia Tolteca, e o personagem do livro em dado momento, maravilhado com sua visão sobre a vida e com sua percepção expandida sobre si e os outros, não vê mais separação entre ele e seu povo, entre ele e a elementos da natureza, os animais. Ele percebe que todos somos feitos da mesma matéria.
Pela complexidade do que somos, não é necessário ler nenhum livro para sabermos que somos feitos, TODOS, de algo muito especial, que deve ser honrado e reverenciado. E a reverência deve começar em nós mesmos. Se tivemos a honra de trabalhar com gente e não somente com papéis, honremos nosso fazer, honremos as pessoas que cuidamos, honremos o templo que guarda com carinho nossas almas, honremos o corpo do paciente e toda sua vida.

Muitas vezes por ser um paciente crônico, que não consegue mais falar ou se virar, se coçar ou qualquer outro movimento, muitos acabam agindo de maneira mecânica, mas ainda que ali, exista um corpo inerte, tem um ser que sente, não sabemos como ele está percebendo esta experiência, mas certamente ele está sentindo.

Devemos respeito a todos estes seres. Devemos respeito aos nossos colegas. E é assim que a Espiritualidade tem tudo a ver com enfermagem, um fazer humanizado, tem tudo a ver com isto.

Não importa a área em que trabalhemos, se trabalhamos na área de saúde, devemos meditar sobre esta questão.

Na enfermagem não pode existir distância...

Forte abraço,

Lady Lucy

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