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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Despedida dos meus amigos



As inseparáveis: Didi, Eu, Geila, Free e Nalva...
Amigas para sempre!

Nem todos nós estamos aqui, mas sabemos de cada rosto, cada jeito, cada vício, hábitos e personalidade de cada um...

Foram tantos anos, 14 anos e meio somente neste hospital...
Puxa, vivemos tantas coisas, quantas vezes choramos de tanto rir...
Quantas vezes chorei de chorar, com as nossas tragédias...
Quanto sofrimento vimos todos os dias, e quantas vezes nos emocionamos com nossos pacientes e suas histórias.
Quantas histórias lindas de amor, de ódio, de disputa, descaso, perdas e superação!
Quantas vezes choramos e ficamos enraivecidos com situações vexatórias ou humilhantes, que nos tira por momentos, a dignidade!

E fomos nos dando força e prosseguindo...

Vocês são pessoas muito especiais, que estarão para sempre em meu ser.
Carrego alguns muitos amigos do coração, que sei que não me deixarão cair no vácuo...
Outros amigos, estarão nos recônditos de nossas memórias.

O fato é que já sinto saudades, mas não é nada de nostalgia, mas sim de felicidade de poder ter compartilhado de tantos momentos, de tantas coisas que palavras não conseguirão expressar.

Vou seguir meu caminho, feliz por ter passado por vocês e ter deixado um pouco de mim e poder carregar em mim cada um...


Um grande abraço a todos!
Amo vocês!!!!

Luciana Maria

Processo de cura na enfermagem


Pensando sistemicamente a enfermagem é um agente de cura, de esperança, dentro do processo de adoecimento físico do Ser Humano, certo?

Quase certo...

Temos como parceiros vários outros agentes de cura, como o médico, o psicólogo, os administradores hospitalares, todo o corpo de trabalhadores que prestam serviço dentro de um hospital. Porém é a enfermagem aquele que está mais próximo do doente. O médico vem e prescreve, e vai embora, fica virtualmente no quarto, assim como os outros profissionais citados!

O técnico de enfermagem, é o principal soldado, na luta contra a doença e o principal agente de cura no processo de adoecimento.

Muitas vezes o doente não se cura da doença, muitas outras vezes piora o quadro e vem a falecer, mas mesmo assim, promovemos cura para este doente, mesmo aquele que se foi.

Afirmo isto, porque uma internação, o adoecimento, nos traz muitas lições existenciais, e estas curam muitas vezes uma vida inteira de orgulho, de maledicências, de desamor...

Ser cuidado por um estranho nos torna humanos, nos reaproxima, nos faz mais humildes, numa alma sensível pode causar grandes abalos, grandes transformações.

Eu diria que não é só o paciente que se cura, nós profissionais de saúde também nos curamos de muitas mazelas da alma. A experiência do outro não é só dele, eu, você e ele fazemos parte de um cenário, de um drama, fazemos parte desta história.

É belo vislumbrar tudo isto aqui de fora, é como um astronauta vendo o planeta lá de cima.

Ver a enfermagem de fora, como vejo hoje, me trouxe um sentido de valorização aquilo que fiz durante anos, mais hoje do que ontem...

Desejo que os colegas que lerem, reflitam sobre a grandeza do que fazemos!

Um forte abraço,

Lady Lucy






Juramento da Enfermagem


Lembro-me o dia em que fiz este juramento, na colação do curso de auxiliar de enfermagem, na Capela da Beneficência Portuguesa.
Foi um dos dias mais emocionantes em minha vida:

"Solenemente, na presença de Deus e desta assembléia, juro: Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da mora, honrando seu prestígio e suas tradições".

Comecei a me lembrar de como cheguei na enfermagem:

Aos 18 anos, tive uma pneumonia grave, precisei ficar internada no Hospital Santa Paula, por uma semana. Cheguei a tarde e a noite recebi a visita de uma auxiliar que me fez querer entrar nesta profissão.

Eu estava dormindo, ela entrou em meu quarto, não acendeu a luz, colocou o aparelho de pressão e o termômetro em meu braço, não me disse boa noite e nem sequer ouvi a voz dela. Com o mesmo silêncio que entrou, saiu.
Mas o seu atendimento pouco caloroso, me fez desejar entrar nesta área e ser diferente do que ela fora comigo. Recordo-me que disse para mim mesma: "Vou entrar na enfermagem e nunca vou tratar alguém como esta mulher me tratou."

Quando se está doente e pior, internado, muitas coisas estão acontecendo com aquele ser que cuidamos... No meu caso, meu pai estava internado no outro hospital, tão perto e tão longe de mim. Estava super fragilizada e temerosa pela vida de meu pai. Tudo o que se quer nestes momentos e se sentir um pouquinho gente, digna, e ser tratada como gente. A internação faz a gente se sentir uma coisa!

Meu paizinho querido, caíra da laje de casa, e teve vários traumas, ficou meses internados.

Posso dizer que a queda do meu pai, me jogou na enfermagem, pois a impotência que senti, quando escutei o barulho de sua cabeça contra o chão e a posterior convulsão, me despertaram o desejo de saber o que fazer nestes casos, este foi o inicio. Depois veio a internação e o" santo não caloroso atendimento", que mudaram a minha vida.

Posso dizer hoje que durante um tempo senti raiva daquela auxiliar de enfermagem, acho que quem escolhe esta profissão não pode perder nunca de vista o calor. E ela não o tinha. Mas definitivamente, nada na vida é por acaso... Sou extremamente grata a você querida estranha!

Assim, esta sincronicidade de fatos, foi o que me fez ser a profissional de enfermagem que fui.
Sempre procurei ser ética, calorosa, respeitosa, discreta, amorosa com aqueles que me foram designados para ajudar no processo de cura.

Estes valores sempre pautaram minha vida e minha conduta perante o outro.

E desejo, meus queridos colegas, que vocês, após lerem esta coluna, reflitam no mais intimo de seu ser, Porque você escolheu esta profissão e o que te faz continuar?

Quando sabemos o que fazemos, porque fazemos e para o que fazemos, isto faz toda a diferença em nossas vidas e na vida de toda a humanidade.

Um forte abraço,

Lady Lucy

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A arte de fazer Enfermagem


Hoje estava passeando no blog, e relendo meus escritos e olha só que interessante, me emocionei em ler esta mensagem, resolvi postá-la novamente, já que ela foi umas das mais lidas até hoje...

Me emociono com esta mensagem, pois é uma parte da minha vida, que acabo de me despedir com honra e consciência, de que do primeiro ao último dia, procurei sempre fazer o meu melhor, e é isto o que mais importa na arte de fazer enfermagem: "Fazer sempre o seu melhor e oferecer isto ao outro!"

Reverencio mais uma vez meus colegas da enfermagem. Até mesmo aqueles que não umas enroladas, que não trabalham em equipe... Até vocês merecem reverencia, pois cedo ou tarde,você perceberá que a melhor saída e dar o seu melhor, para os seus colegas, para o paciente.


A Arte de fazer Enfermagem

"De vez em quando me ponho a refletir sobre a arte da nossa profissão...
Exerço a Enfermagem há pelo menos 13 anos. Nestes 13 anos passei por muitas provas... Aprendi muita coisa, cresci, me formei enquanto ser humano (visto que entrei na área com 18 anos), sou muito grata a esta profissão que acrescentou tanto à minha vida pessoal, me proporcionou conquistas materiais, é minha fonte de renda e é o maior laboratório da vida que posso ter acesso. No começo sentia muito medo de cometer erros irreparáveis, de não conseguir dar conta do trabalho a mim destinado, muitos medos, porém com o tempo, a experiência me ensinou que eu estava no caminho certo... Experimentamos muito prazer e muito sofrimento, nos doamos inteiramente para o outro, chegando a esquecer de nós mesmos, abstendo-nos de nossas próprias vontades. Ao mesmo tempo assistimos os pacientes melhorando ou pelo menos recebendo todos os cuidados que necessitam para continuarem vivos. Se me perguntarem o que mais gosto em minha profissão, direi que é poder fazer parte da melhora das pessoas que passam pelas minhas mãos... As pessoas maravilhosas que conheço, que passo a fazer parte de suas histórias, ao mesmo tempo em que passam a fazer parte da minha história.
Como a Enfermagem entrou na minha vida? Quando tinha 18 anos, meu pai caiu da lage de casa, do 3º andar, ouvi o barulho de sua cabeça chocando-se contra o chão, e saí correndo, quando o vi caidinho no chão, convulsionando, não sabia o que fazer, fiquei desesperada, me senti tão impotente por não poder fazer nada, minha mãe com sua sabedoria protegeu sua boca para ele não morder a língua e levamos ele às pressas para um pronto socorro. Depois de alguns dias ele teve alta e voltou para casa. Começou a ter muita dor de cabeça, teve um trauma craniano, não diagnosticado e o liquor vinha se acumulando em seu crânio. Enfim... ele teve que fazer uma cirurgia, uma Derivação Ventriculo Peritoneal, eu não sabia o que era isso, só sabia que era uma cirurgia de cabeça e que tinham riscos. Meu mundo desabou neste dia, pensei que meu pai fosse morrer. Minha tristeza foi tão grande, que simplesmente comecei com uma gripe, que se transformou numa pneumonia, ficamos eu e meu pai, internados. Foi uma barra para minha mãe, mas o fato é que na primeira noite no hospital entrou uma senhora no meu quarto, que não me deu boa noite, simplesmente verificou meus sinais vitais e saiu como se não tivesse entrado... a sua forma de proceder muito me chocou, mas devo ser muita grata a esta senhora, pois uma semana depois quando tive alta, resolvi que iria fazer enfermagem, e fiz! Mas com a promessa interna de que jamais trataria ninguém como fui tratada: como se fosse um objeto a ser verificado!

Quando estou com meus pacientes sempre tento dar o melhor de mim, levar uma palavra amiga, oferecer um momento de segurança, conforto e humanidade. Pelas devolutivas que recebo dos pacientes, acho que eles nunca se sentiram assim comigo... Por isto acho que a enfermagem é uma arte, a arte de estar atento a si mesmo, para conseguir estar atento ao outro, destinatário dos nossos cuidados... Enfermagem além de ser uma sequência de procedimentos padronizados e uma ciência, é também a arte de se relacionar, consigo e com o outro..."

E isto aí galera que está entrando, que já está dentro e que com vontade de entrar, enfermagem é um pouquinho de tudo isto aqui. Cada um tem sua história e gostaria muito que quem tiver interesse pudesse me mandar uma história de enfermagem, gostaria de publicá-la em meu blog.

Forte abraço a todos e aguardo suas histórias,

Lady Lucy

A arte de se relacionar consigo e com outro... é uma outra história para outra postagem...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Enfermagem: um ato de coragem!

No último dia 07 de fevereiro fui oficialmente desligada do hospital em que trabalhava...

Fiquei meditando sobre todos estes anos na enfermagem, neste hospital, e puxa vejo que fiz uma linda e sofrida jornada. Foram lindos momentos, foram momentos emocionantes, foram momentos de raiva e angústia, foram momentos de depressão e impotência, foram anos de aprendizagem, crescimento e maturidade.

Sinto-me uma vencedora, a vida me trouxe à enfermagem e me deu de presente a psicologia...

Sempre serei uma profissional de saúde, pois adoro cuidar do ser humano, facilitar processos de autoconhecimento, crescimento e maturidade.

As experiências que vivi, foram as que eu precisava para me tornar quem sou hoje, nem mais nem menos.

Cada paciente que passou por mim deixou um pouco de si e levou um pouco de mim. Alguns estão claros em minha memória, outros se apagaram, pois se incorporaram ao que sou.

Sim, sou uma vencedora, ser profissional de enfermagem não é para qualquer um , é para quem tem coragem de estar sempre olhando para dentro de si e se reconhecendo no outro, pois fazemos isto o tempo inteiro, saímos do nosso lugar e entramos no lugar do outro, para pensar o que ele pensa, sentir o que ele sente e voltar e prestar um cuidado humanizado.

Não me arrependo de nada do que fiz, não me arrependo das minhas escolhas.

E é com muito amor no coração que venho hoje aqui neste querido espaço, reverenciar a Enfermagem, reverenciar meus colegas que permanecem na jornada e saudar a Psicologia, minha nova morada.

Enfermagem sempre morará em meu coração.

Não moro mais em você, você mora em mim!

Gratidão,

Lady Lucy


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Fazer Enfermagem: Dom ou Vocação?

"Faça o que você ama e estará descobrindo uma vocação.
Faça para ganhar dinheiro e estará fechando-se numa prisão." Luciana Maria

É isto o que aprendi e o que penso hoje. Temos que fazer qualquer coisa que nos decidirmos com o coração, se você fizer com a cabeça, porque o seu pai faz e dá certo, ou porque seus amigos acham legal, ou, ou, ou...

Escute o seu coração, e descubra qual é o teu dom, sabe aquilo que faz seu coração bater mais rápido, que você sente uma emoção fora do comum, que te dá um sentido a mais... O ganho material vai ser mera consequência.

Não, eu não sou rica, gosto de "din din", mas trabalho no que amo!

A saber vocação, vem do latim, significa "vocare" - Chamar!

Qual é o teu chamado interno?
Qual ou quais os teus dons?
Por que caminhos a vida tem desejado te conduzir?

Se o teu chamado é a enfermagem, então procure imaginar que obra prima você ofertará para o mundo?

Pense nisto,

Forte abraço,
Lady Lucy