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sábado, 26 de março de 2011

Enfermagem e sabedoria

Gandhi foi e sempre será, um ser inspirador, assisti o filme que conta sua história e percebi que existem pessoas únicas no mundo, o que ele fez foi único, mas cada um de nós pode fazer a diferença, talvez não sejamos como o Gandhi, que venceu uma guerra com paz, sem armas.

Mas em nosso dia a dia como trabalhadores da saúde, talvez possamos levar a paz a quem precisa com pequenos gestos:

Presentear um doente com um sorriso, com afetividade pode ser mais curador do que um medicamento.
Uma certa vez, enquanto o médico passava um catéter central em uma paciente, percebi seu medo e por baixo do campo cirúrgico segurei sua mão. Ao final do procedimento, ela me fitou nos olhos e relatou com os olhos marejados: "O seu toque e a sua força fizeram toda a diferença, Obrigada!"

Respondi com um sorriso, somente um sorriso, dizendo a ela que estava tudo bem, que ela não estava sozinha...

Chegar no plantão e se apresentar ao paciente, cumprimentando-o, olhando-o nos olhos, com um sorriso é um alento para alguém que está despojado de tudo o que lhe é comum, lhe dá um sentido de familiaridade, esperança...

Às vezes, encontramos pacientes que são grosseiros, mas mesmo assim, não deixe-se afligir, isto nada tem a ver com você, mas com a impotência deste ser, de não poder mais ser dono de seus atos.
No momento de uma internação a primeira coisa que se perde é a autonomia...

Para internar é necessário um responsável e este responderá por tudo o que precisar ser feito. Já começa por aí.

Medicamentos, procedimentos invasivos. Sim, invadimos o paciente em sua intimidade, é necessário, mas não deixa de ser uma invasão.

Nossa profissão tem uma requintada violência. Temos autorização para furar, para introduzir objetos, para despir, para ver o que talvez o próprio paciente jamais tenha visto de si.

É uma violência sublimada, mas é uma violência!

Mas podemos praticar nossos atos violentos com extremada compaixão e respeito!

Assim sendo, naqueles momentos em que nada parece fazer sentido, que você está estressado e de saco cheio do que faz: "Tenha esperança e viva em sua luz" - isto é essencial, é esta esperança que nos faz acordar todos os dias e sair para servir ao outro, cuidar daquele que não tem muitas opções. Alguns podem achar que estou sendo "piegas" e falando do paciente como um ser digno de pena, na verdade penso que ele é um ser digno de respeito, carinho e compaixão, por mais difícil que seja a situação.

Quanto mais fazermos este trabalho com presença, maiores as chances de sair do plantão com a sensação de dever cumprido e de que fizemos o nosso melhor.

Por ora são estes pensamentos que me ocorreram,

Abçs,

Lady Lucy




sábado, 19 de março de 2011

Eu, a Síndrome de Burn Out e Mandala da Vida



Enquanto trabalhava na enfermagem senti muitas coisas e somente mais tarde fui compreender do que se tratava...

Muitos dizem que Síndrome de Burn Out é um mal que tem a ver com o trabalho, eu diria que penso que todos os sintomas que se descreve sobre esta crise tem a ver também com o própria pessoa, ou seja, ela já tem uma predisposição ao desgaste antes mesmo de trabalhar e o trabalho por sua vez acaba trazendo a tona certas características que não gostamos muito de entrar em contato.

Uma coisa, que eu experimentava muito enquanto trabalhava na Semi Intensiva era a impotência, adorava cuidar de pacientes agudo, pois estes dialogavam comigo. Porém percebia que eu e alguns outros colegas não gostávamos muito de cuidar de pacientes crônicos, por que este é um tipo de paciente que você faz, faz, e não consegue ver a melhora dele, porque na verdade o que fazemos por estes pacientes é dar manutenção para que ela permaneça vivo, são pacientes que tem uma prescrição médica imensa, que você tem que ficar aspirando, muitas vezes acabamos de fazer a higiene e em seguida necessitamos fazer outra, as famílias também são muito complexas, exigentes, por que já estão calibradas, já entendem um pouquinho mais da vivência hospitalar, então, eles sabem um pouco mais sobre o que podem exigir.

Todo dia, vivenciar tudo isto, vai gerando desgaste para nós profissionais de saúde e aquele desejo que sempre nos animou, de cuidar, de dar assistência a melhora do paciente, vai minguando, e de repente despertamos para uma triste realidade, estamos ficando com um humor deprimido, ansiedade, não vemos a hora de ir embora, mas encontra-se aqui uma reflexão, quando não vejo a hora de ir embora, pergunte-se: "Do que estou querendo ir embora, do que estou querendo me livrar?

Outra coisa que hoje que estou fora da enfermagem percebo é que a enfermagem ocupa um espaço muito grande de nossas vidas, passamos o dia cuidando dos outros e muitas, muitas vezes nos abandonamos, deixamos nossas necessidades de lado, perdemos o pique de sair, de se divertir com amigos, em troca de ficar em casa "descansando", porém a vida é um todo, precisamos cuidar de tudo, equilibrar todas as forças em nosso ser. Temos que trabalhar sim, mas também temos que viver, cultuar o belo e o bom, por que se não, após anos e anos vendo doença e sofrimento, conseqüentemente vamos desacreditando de coisas que antes nos faziam muito sentido.

Cuide do outro, mas principalmente cuide de si!

E para que você possa avaliar sua vida e observar onde está depositando mais energia, segue um anexo, que usamos muito no "coaching", que se chama mandala da vida, no início deste artigo.
Quando for preenchê-la, utilize-se de lápis de cor, e numa escala de 0 a 10, classifique cada parte da pizza, respondendo a pergunta de cada pedaço e finalmente você poderá ter uma visão geral de como anda sua vida, como você vem se administrando, se está colocando mais energia em uma área em detrimento de outra. A partir disto será possível incrementar mudanças.

Necessitamos estar como estes meninos na primeira mandala, um sincronizado com o outro, sem um o outro não consegue estar na roda, no todo. Se você não cuidar de cada área de sua vida, seu prazer em trabalhar pode acabar prejudicado.

Por favor, aqueles que divergirem de meu ponto de vista, por favor mande comentários, mande-me emails, vamos comentar!

Se tiver dúvidas entre em contato comigo, terei prazer em orientá-lo (a).

Abraço,

Lady Lucy


sexta-feira, 18 de março de 2011

Síndrome de "Burn Out"


Muitos de nós hoje encontra-se com esta síndrome e provavelmente não sabe.

Se você estiver se sentindo exausto, de saco cheio do seu trabalho, às vezes até se levanta para trabalhar, mas não tem vontade. Não tem vontade de estar com os amigos, não tem vontade de sair de casa. Experimenta momentos de distanciamento emocional, agindo mecanicamente ou sem sentimentos.

Pode ser que você esteja com Síndrome de Burn Out!

Estou postando um artigo, falando sobre o assunto, para que você tenha ainda mais informações sobre este mal que pode estar na sua vida, neste momento:



Forte abraço,

Lady Lucy

O cuidado com o cuidador


Falando em cuidar de você, indico um artigo, que li há algum tempo, e que me ajudou a entender o que acontece na nossa profissão.


Leia com atenção, pois trata-se de você, caro colega de enfermagem!

Parece uma flor nascida no meio do deserto, mas precisamos aprender a entender nosso universo, para podermos atuar nele com mais segurança e propriedade...

Boa leitura!

Abraços,

Lady Lucy

O estresse e a enfermagem

Os trabalhadores de enfermagem tem uma carga de trabalho excessiva e desgastante. Por lidar diretamente com o sofrimento e com situações limítrofes, estes profissionais acabam se desgastando.

Lembro-me que quando chegava em casa, eu não tinha alternativa, pois meu corpo não me dava esta possibilidade, eu TINHA que dormir, meu organismo necessitava repolarizar as energias.

Muitas vezes encontramos entre nós profissionais que conseguem se cansar ainda mais, por que acabam identificando-se com a demanda e com a pressão que lhes são depositadas, e querem dar conta de tudo, como se fossem super heróis.

Não somos super heróis, somos profissionais que tem uma formação e especialização para cuidar, se não andam cuidando direito de você, caro profissional, então você precisa aprender esta arte: SE CUIDAR!

Se permitir fazer o que lhe é possível, da melhor maneira possível, mas nunca, jamais, tentar fazer o impossível, pois muitas vezes isto custa uma vida. Nestas horas, nos predispomos ao erro, a negligência, e é tudo muito rápido, quando você vai ver, o erro já está feito, e muitas vezes não temos como voltar atrás. Portanto, faça o seu melhor, dê um passo de cada vez, é melhor não fazer, do que fazer errado, não é verdade?

Imaginem dia após dia, de pressão e estresse, o que será que ocorre com um indivíduo que se deixa levar por esta situação?

Te respondo, por que vi e com certeza muitos de vocês também viu...
Um belo dia você é descartado, somos números, elementos, então apenas faça o teu melhor, o que quer que vá fazer, faça com carinho, respeite teus limites, respeite os limites do outro.

É claro que não estou pregando uma anarquia, não caro colega, estou falando de auto respeito, de auto valorização, se não te valorizam, você precisa se valorizar, se gostar.

*É muito importante ter uma rotina na sua vida, cuidar do outro, mas cuidar de si!

*Cuidar do teu corpo, pois se você não cuidar deste corpo, onde vai morar no futuro?

*Cultue a natureza, tire uns minutos do seu dia, e perceba a conexão entre você e a natureza, entre você e o Criador!

*Tenha uma filosofia de vida!

*Curta sua família, eles são o bem mais precioso que você tem, mesmo que não fale com eles!

*Dê risada com os amigos, sorrir faz bem para a alma!

*Apesar de estar no meio do furacão, encontre o seu espaço interno de paz!

*Namore, faça sexo, não perca o romantismo e nem a sensualidade!

*Perceba o sentido e a sincronicidade de tudo o que acontece em sua vida!

Aprenda a aprender com o seu trabalho, você está na poltrona da frente no palco da vida!

E se não anda tendo pique para iniciar nada, talvez você esteja depressivo, então é hora de procurar ajuda especializada. (Pode me procurar...kkkkkkk!)


Acho que por hora, basta não mesmo?

Forte abraço,

Lady Lucy





terça-feira, 8 de março de 2011

Na enfermagem não pode existir distância...

"Olhou novamente para o alto e percebeu que não eram as estrelas que criavam luz, mas sim a luz que criava as estrelas. "Tudo é feito de luz", acrescentou ele, e o espaço no meio não é vazio. E ele soube que tudo o que o existe num ser vivo, como soube que a luz é a mensageira da vida, porque está viva e contém todas as informações." "A vida é a força absoluta, do supremo, do Criador que tudo cria. Tudo o que existe é uma manifestação do ser que denominamos Deus."

Este trecho foi extraído do livro de Don Miguel Ruiz, Os quatro compromissos - O livro da filosofia Tolteca - Um guia prático para a liberdade pessoal.

Eu o estava lendo e pensando na rede imensa de relações que construímos ao longo de uma vida inteira na área de saúde, especificamente na enfermagem, pois a rotatividade de pacientes, colegas, médicos e tudo o mais, é muito fluída, ininterrupta.

Estamos sempre em relação, "se pudessémos ter a velocidade para ver tudo" (Marisa Monte), assistiriamos o que acontece conosco e com as outras pessoas com quem convivemos todos os dias. Poderíamos perceber a ausência de separatividade entre eu e o outro, que nesta jornada estamos todos juntos. Hoje é o paciente que tem que ter paciência, mas daqui pouco nós podemos estar na mesma condição...

Digo isto, pois vi, muitas vezes, médicos agindo como se ele fosse um Deus e o paciente uma coisa. Técnicos virando o paciente para lá e para cá, como se ele fosse um bloco, ou seja, um cuidar coisificado.
Somos pessoas cuidando de pessoas. Quem não sabe disto precisa Ler muito Carl Rogers. Ele tem livros fantásticos sobre o poder da empatia, sobre a arte de se relacionar com o outro. Apesar de serem tratados de psicologia, são universais.

Don Miguel, fala sobre a filosofia Tolteca, e o personagem do livro em dado momento, maravilhado com sua visão sobre a vida e com sua percepção expandida sobre si e os outros, não vê mais separação entre ele e seu povo, entre ele e a elementos da natureza, os animais. Ele percebe que todos somos feitos da mesma matéria.
Pela complexidade do que somos, não é necessário ler nenhum livro para sabermos que somos feitos, TODOS, de algo muito especial, que deve ser honrado e reverenciado. E a reverência deve começar em nós mesmos. Se tivemos a honra de trabalhar com gente e não somente com papéis, honremos nosso fazer, honremos as pessoas que cuidamos, honremos o templo que guarda com carinho nossas almas, honremos o corpo do paciente e toda sua vida.

Muitas vezes por ser um paciente crônico, que não consegue mais falar ou se virar, se coçar ou qualquer outro movimento, muitos acabam agindo de maneira mecânica, mas ainda que ali, exista um corpo inerte, tem um ser que sente, não sabemos como ele está percebendo esta experiência, mas certamente ele está sentindo.

Devemos respeito a todos estes seres. Devemos respeito aos nossos colegas. E é assim que a Espiritualidade tem tudo a ver com enfermagem, um fazer humanizado, tem tudo a ver com isto.

Não importa a área em que trabalhemos, se trabalhamos na área de saúde, devemos meditar sobre esta questão.

Na enfermagem não pode existir distância...

Forte abraço,

Lady Lucy

segunda-feira, 7 de março de 2011

Enfermagem e Espiritualidade

O que será que Espiritualidade tem a ver com enfermagem?

Tudo!

Espiritualidade tem a ver com a pessoa humana, um modo de viver que busca alcançar a plenitude em direção a Transcendência da matéria.
Não está ligada à religião, é uma característica do ser humano, sinônimo de libertação.
É um viver desapegado, livre de julgamentos, praticando o amor incondicional. É estar inserido e vivendo um tempo, não o passado, nem o futuro, mas o presente, o maior presente que já recebemos: o Aqui e Agora!

Vivemos num mundo que nos afasta do que realmente somos, de nossa verdadeira essência, do que nos faz Ser.

Em meu consultório de psicologia tenho um bauzinho, no fundo do mesmo existe um espolho, de forma que quando as pessoas o abrem, tem uma surpresa, veêm a sua imagem refletida no mesmo.
Sempre que as pessoas ficam perdidas sobre quem elas são, peço para que elas abram, pois lá dentro está o maior presente que a vida lhes deu: Si Mesmo!

A maioria de meus pacientes diz: "Um espelho?!!!!!!"
"Eu não vejo nada, só um espelho!"

Bem, como isto quero explicitar o quanto as pessoas tem uma imensa dificuldade em se reconhecer como um presente, como um ser sagrado, como importante para o Todo!

Assim sendo a Espiritualidade tem tudo a ver com a Enfermagem, profissionais de enfermagem devem aprender a cultuar-se como seres sagrados e enxergar no doente um ser sagrado, que aquele corpo ali deitado e adoentado é muito mais do que um corpo, é um Ser, um Semelhante, que merece todo respeito, que merece ser reverenciado para que se lembre que ele também é sagrado, que ele é importante para o Cosmos, para o Planeta.

Lidamos com coisas muito maiores do que podemos imaginar. Quando cuidamos de alguém estamos cuidando do mundo, pois estamos cuidando para que um ser se reestabeleça e possa voltar a se relacionar com seus semelhantes e a cumprir sua missão no planeta.

Quando cuidamos de um ser humano, estamos cuidando do planeta.

Aprecio muito a teoria do caos, que usa a seguinte metáfora para expressar sua verdade: "O simples bater de asas de uma borboleta aqui pode causar um tufão do outro lado do mundo."

Bem, o paciente que você cuida hoje, é um sujeito dentro de um complexo processo vital, a vida dele tem muita importância para a manutenção do todo, assim como o seu trabalho é uma obra divina.

Portanto, Espiritualidade tem a ver com enfermagem, e com tudo mais:

* Quando seu trabalho é um chamado, uma vocação e não uma obrigação;
* Quando você faz seu trabalho com presença e propriedade;

* Quando você vê o outro como seu semelhante e o trata com amor incondicional;

* Quando você procura observar o que existe de aprendizado na experiência do cotidiano, este deixa de ser uma correria e passa a ser Pura Presença;

* Quando o burburinho das pessoas, as reclamações dos pacientes não te tiram do sério, pois você consegue enxergar em tudo uma oportunidade de aprendizado;

* E quando você perde a paciência, você consegue ser benevolente consigo mesmo, pois se reconhece um também ser humano, dotado de fragilidades e potenciais;

* Que você sempre tem a oportunidade de levar uma palavra de ânimo e de ir além do cuidado mecânico;

* Que às vezes o melhor remédio é ouvir, não apenas escutar, mas ouvir com os ouvidos da alma;

* Que a sua presença é o melhor medicamento que o paciente precisa;

* Que você sempre pode escolher o tipo de profissional que quer ser: Aqui e Agora!

Espiritualidade é extrair sabedoria, como a flor de lótus que nasce lindamente no meio do pântano!

Como diria meu amigo Paulo Sérgio: Fique na paz!

Lady Lucy

quinta-feira, 3 de março de 2011

Como tratam o erro na enfermagem...

Todo mundo pode errar, não é verdade?
Não é mentira!!!!
Nem todo mundo pode se dar o luxo de errar!
Todo mundo erra, mas a enfermagem não pode errar!
Nossos erros podem ser fatais, é bem verdade!
Mas será que nosso grandiosissimo trabalho resume-se apenas a erros e fracassos?
Os meios de comunicação adoram mostrar a enfermagem que erra, fortalecendo ainda mais o estigma, mas não vejo reportagens sérias, demonstrando o cotidiano dos profissionais de saúde, como vivem, o que sonham, as humilhações que sofrem por parte de pacientes e suas famílias, a pressão por parte da direção dos hospitais, a cobrança dos enfermeiros.
Comumente exalta-se a classe médica, mas o médico, com todo respeito e não querendo diminuir a sua importância, prescreve medicação e vai embora, a enfermagem é quem fica cara a cara com o paciente. Se o nosso trabalho não for realizado, o médico é invalidado. Ele não faz o que fazemos, e nem vice versa, somos co-dependentes um do outro.
Já está na hora, senhores e senhoras, da mídia, de vocês realizerem, instruírem a sociedade sobre o que acontece nos bastidores daqueles que cuidam inclusive de vocês. Mostrem em rede nacional a pressão do dia a dia destes trabalhadores, o nível de stress a que são submetidos todos os dias, a inadequação, na maioria das vezes, do número de pacientes por funcionário, a pressão que as famílias e seus pacientes exercem sobre o profissional de enfermagem e o quanto estes tipos de ocorrências predispõe a enfermagem ao erro, e que isto custam vidas, a do paciente e do próprio profissional.
No caso daquela profissional que instalou o soro errado na garotinha que veio a óbito, não foi somente a garotinha que morreu, a carreira desta moça, bem como sua autoestima também foram juntas para o túmulo da paciente. Será que somente a profissional foi negligente? Será que o hospital também não tem responsabilidade. Alguém se pergutou sobre o que estava acontecendo com esta moça, como estava o plantão?
Isto não interessa, não é mesmo? O que interessa é que alguém veio a falecer!
Mas não é assim que deveria ser, se começarmos a analisar o processo e verificar a sequência de fatos que antecede um erro letal ou não, veremos que existe muito mais do que falta de atenção, negligência ou imprudência...
Trabalhei por 17 anos na enfermagem e sei muito bem o que acontece dentro dos hospitais.
Não somos números, somos pessoas, temos corpos, problemas pessoais, psicológicos e até psiquiatricos. Muitas vezes, uma péssima formação, e um excesso de cobranças pelo melhor
(o que não é errado!).
Mas quando cometemos erros, é como se estivessemos num tribunal, frente a um juiz injusto!
A família é lógico que não compreende. Quando internamos um familiar, estamos colocando a vida de alguém que amamos nas mãos do hospital e dos profissinais de saúde em geral, mas principalmente da enfermagem, que é quem administra a prescrição médica, faz higiene e tudo o mais.
A família e o paciente querem o melhor cuidado, porém quando ocorre um erro letal, a culpa é da enfermagem.
Pacientes e profissionais de saúde necessitam ampliar a visão e entender como funciona o seu próprio mundo e cobrar mudanças!
É desumano aferir a pressão, o pulso e a temperatura de 40 pacientes durante 08 horas, estando esta funcionária grávida?
Talvez sim, talvez não, mas eu acho que sim, e isto aconteceu comigo e acontece todos os dias com outros de nós. Dirão que estamos lá por escolha, que ninguém nos obriga, é bem verdade, porém, o fato é que por escolhermos uma profissão como esta é porque gostamos, por que precisamos sustentar nossas famílias, então a questão não é somente a escolha, mas o sistema que precisa se humanizar!
Os pacientes querem o melhor atendimento, pois estão pagando. Os hospitais querem os melhores funcionários, adequação aos protocolos e rotinas, pois estão pagando também. Nós necessitamos saber quem nós somos dentro deste processo, não perdendo de vista o fato de que somos pessoas e procurar sempre fazer o nosso melhor!
Uma coisa que aprendi na enfermagem, foi sempre ao sair, revisar meu plantão e sentir a certeza de que havia feito o meu melhor e que quando não o consegui, tentar puxar na memória onde e como falhei neste projeto. Precisava deitar minha cabeça a noite no travesseiro e saber que eu tinha feito o melhor que eu podia, e isto sempre deu certo!
Somos profissionais e seres humanos e merecemos respeito e reconhecimento e isto começa em nós mesmos!
Não estou fazendo uma apologia ao erro, estou sim, expressando o que penso e me posicionando contra aquilo que não concordo.
Erramos sim, e muito, mas acertamos muito mais!!!!!!!!
Mas quantas vezes somos aplaudidos pelo nosso brilhantismo?
Caro colega, tome cuidado com o erro, com o peso deste, não seja você o seu pior juiz!
Por pior que seja a situação, avalie as coisas, se avalie, observe o contexto.
Já cometi erros e sei que o sentimento que temos quando isto acontece é terrível, é um frio no estômago, um medo do pior acontecer, só que algo já está feito, e precisamos aguardar o tempo, pensar em primeiro lugar na vida do paciente e que se erramos, temos que pagar por nossos erros, assumi-los, é preciso equilibrar o juiz e o misericordioso dentro de nós!
Desculpe se escrevi alguma tolice, mas este é um ensaio do que penso. Faço questão de que este seja um espaço para dialogarmos sobre a perspectiva do erro na enfermagem. Exponha sua história, seus pensamentos...
Abraços,
Luciana Maria