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quinta-feira, 3 de março de 2011

Como tratam o erro na enfermagem...

Todo mundo pode errar, não é verdade?
Não é mentira!!!!
Nem todo mundo pode se dar o luxo de errar!
Todo mundo erra, mas a enfermagem não pode errar!
Nossos erros podem ser fatais, é bem verdade!
Mas será que nosso grandiosissimo trabalho resume-se apenas a erros e fracassos?
Os meios de comunicação adoram mostrar a enfermagem que erra, fortalecendo ainda mais o estigma, mas não vejo reportagens sérias, demonstrando o cotidiano dos profissionais de saúde, como vivem, o que sonham, as humilhações que sofrem por parte de pacientes e suas famílias, a pressão por parte da direção dos hospitais, a cobrança dos enfermeiros.
Comumente exalta-se a classe médica, mas o médico, com todo respeito e não querendo diminuir a sua importância, prescreve medicação e vai embora, a enfermagem é quem fica cara a cara com o paciente. Se o nosso trabalho não for realizado, o médico é invalidado. Ele não faz o que fazemos, e nem vice versa, somos co-dependentes um do outro.
Já está na hora, senhores e senhoras, da mídia, de vocês realizerem, instruírem a sociedade sobre o que acontece nos bastidores daqueles que cuidam inclusive de vocês. Mostrem em rede nacional a pressão do dia a dia destes trabalhadores, o nível de stress a que são submetidos todos os dias, a inadequação, na maioria das vezes, do número de pacientes por funcionário, a pressão que as famílias e seus pacientes exercem sobre o profissional de enfermagem e o quanto estes tipos de ocorrências predispõe a enfermagem ao erro, e que isto custam vidas, a do paciente e do próprio profissional.
No caso daquela profissional que instalou o soro errado na garotinha que veio a óbito, não foi somente a garotinha que morreu, a carreira desta moça, bem como sua autoestima também foram juntas para o túmulo da paciente. Será que somente a profissional foi negligente? Será que o hospital também não tem responsabilidade. Alguém se pergutou sobre o que estava acontecendo com esta moça, como estava o plantão?
Isto não interessa, não é mesmo? O que interessa é que alguém veio a falecer!
Mas não é assim que deveria ser, se começarmos a analisar o processo e verificar a sequência de fatos que antecede um erro letal ou não, veremos que existe muito mais do que falta de atenção, negligência ou imprudência...
Trabalhei por 17 anos na enfermagem e sei muito bem o que acontece dentro dos hospitais.
Não somos números, somos pessoas, temos corpos, problemas pessoais, psicológicos e até psiquiatricos. Muitas vezes, uma péssima formação, e um excesso de cobranças pelo melhor
(o que não é errado!).
Mas quando cometemos erros, é como se estivessemos num tribunal, frente a um juiz injusto!
A família é lógico que não compreende. Quando internamos um familiar, estamos colocando a vida de alguém que amamos nas mãos do hospital e dos profissinais de saúde em geral, mas principalmente da enfermagem, que é quem administra a prescrição médica, faz higiene e tudo o mais.
A família e o paciente querem o melhor cuidado, porém quando ocorre um erro letal, a culpa é da enfermagem.
Pacientes e profissionais de saúde necessitam ampliar a visão e entender como funciona o seu próprio mundo e cobrar mudanças!
É desumano aferir a pressão, o pulso e a temperatura de 40 pacientes durante 08 horas, estando esta funcionária grávida?
Talvez sim, talvez não, mas eu acho que sim, e isto aconteceu comigo e acontece todos os dias com outros de nós. Dirão que estamos lá por escolha, que ninguém nos obriga, é bem verdade, porém, o fato é que por escolhermos uma profissão como esta é porque gostamos, por que precisamos sustentar nossas famílias, então a questão não é somente a escolha, mas o sistema que precisa se humanizar!
Os pacientes querem o melhor atendimento, pois estão pagando. Os hospitais querem os melhores funcionários, adequação aos protocolos e rotinas, pois estão pagando também. Nós necessitamos saber quem nós somos dentro deste processo, não perdendo de vista o fato de que somos pessoas e procurar sempre fazer o nosso melhor!
Uma coisa que aprendi na enfermagem, foi sempre ao sair, revisar meu plantão e sentir a certeza de que havia feito o meu melhor e que quando não o consegui, tentar puxar na memória onde e como falhei neste projeto. Precisava deitar minha cabeça a noite no travesseiro e saber que eu tinha feito o melhor que eu podia, e isto sempre deu certo!
Somos profissionais e seres humanos e merecemos respeito e reconhecimento e isto começa em nós mesmos!
Não estou fazendo uma apologia ao erro, estou sim, expressando o que penso e me posicionando contra aquilo que não concordo.
Erramos sim, e muito, mas acertamos muito mais!!!!!!!!
Mas quantas vezes somos aplaudidos pelo nosso brilhantismo?
Caro colega, tome cuidado com o erro, com o peso deste, não seja você o seu pior juiz!
Por pior que seja a situação, avalie as coisas, se avalie, observe o contexto.
Já cometi erros e sei que o sentimento que temos quando isto acontece é terrível, é um frio no estômago, um medo do pior acontecer, só que algo já está feito, e precisamos aguardar o tempo, pensar em primeiro lugar na vida do paciente e que se erramos, temos que pagar por nossos erros, assumi-los, é preciso equilibrar o juiz e o misericordioso dentro de nós!
Desculpe se escrevi alguma tolice, mas este é um ensaio do que penso. Faço questão de que este seja um espaço para dialogarmos sobre a perspectiva do erro na enfermagem. Exponha sua história, seus pensamentos...
Abraços,
Luciana Maria

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