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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Juramento da Enfermagem


Lembro-me o dia em que fiz este juramento, na colação do curso de auxiliar de enfermagem, na Capela da Beneficência Portuguesa.
Foi um dos dias mais emocionantes em minha vida:

"Solenemente, na presença de Deus e desta assembléia, juro: Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana, exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alcance da melhoria do nível de vida da população; manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da mora, honrando seu prestígio e suas tradições".

Comecei a me lembrar de como cheguei na enfermagem:

Aos 18 anos, tive uma pneumonia grave, precisei ficar internada no Hospital Santa Paula, por uma semana. Cheguei a tarde e a noite recebi a visita de uma auxiliar que me fez querer entrar nesta profissão.

Eu estava dormindo, ela entrou em meu quarto, não acendeu a luz, colocou o aparelho de pressão e o termômetro em meu braço, não me disse boa noite e nem sequer ouvi a voz dela. Com o mesmo silêncio que entrou, saiu.
Mas o seu atendimento pouco caloroso, me fez desejar entrar nesta área e ser diferente do que ela fora comigo. Recordo-me que disse para mim mesma: "Vou entrar na enfermagem e nunca vou tratar alguém como esta mulher me tratou."

Quando se está doente e pior, internado, muitas coisas estão acontecendo com aquele ser que cuidamos... No meu caso, meu pai estava internado no outro hospital, tão perto e tão longe de mim. Estava super fragilizada e temerosa pela vida de meu pai. Tudo o que se quer nestes momentos e se sentir um pouquinho gente, digna, e ser tratada como gente. A internação faz a gente se sentir uma coisa!

Meu paizinho querido, caíra da laje de casa, e teve vários traumas, ficou meses internados.

Posso dizer que a queda do meu pai, me jogou na enfermagem, pois a impotência que senti, quando escutei o barulho de sua cabeça contra o chão e a posterior convulsão, me despertaram o desejo de saber o que fazer nestes casos, este foi o inicio. Depois veio a internação e o" santo não caloroso atendimento", que mudaram a minha vida.

Posso dizer hoje que durante um tempo senti raiva daquela auxiliar de enfermagem, acho que quem escolhe esta profissão não pode perder nunca de vista o calor. E ela não o tinha. Mas definitivamente, nada na vida é por acaso... Sou extremamente grata a você querida estranha!

Assim, esta sincronicidade de fatos, foi o que me fez ser a profissional de enfermagem que fui.
Sempre procurei ser ética, calorosa, respeitosa, discreta, amorosa com aqueles que me foram designados para ajudar no processo de cura.

Estes valores sempre pautaram minha vida e minha conduta perante o outro.

E desejo, meus queridos colegas, que vocês, após lerem esta coluna, reflitam no mais intimo de seu ser, Porque você escolheu esta profissão e o que te faz continuar?

Quando sabemos o que fazemos, porque fazemos e para o que fazemos, isto faz toda a diferença em nossas vidas e na vida de toda a humanidade.

Um forte abraço,

Lady Lucy

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